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O que é Transtorno do Espectro Autista (TEA)?



O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, que se caracteriza por alguns sinais específicos, como déficits persistentes na comunicação social e interação social, déficits na reciprocidade socioemocional, déficits nos comportamentos sociais, padrões restritos e repetitivos de comportamento e ainda de movimentos motores, como uso de objetos ou estereotipias (APA, 2014).

O autismo é um dos transtornos que integram o quadro de Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA foi definido pela última edição do DSM-V como uma série de quadros (que podem variar quanto à intensidade dos sintomas e prejuízo gerando na rotina do indivíduo).

Outros exemplos de transtornos que fazem parte do espectro – e que anteriormente eram considerados diagnósticos distintos – são: a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento.

É importante ressaltar que se tratam de transtornos do neurodesenvolvimento, caracterizados por alterações em dois domínios principais:

1. Comunicação e interação social.
2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento.

Sabemos agora que não há um autismo de tipo comum, mas muitos, causados por diferentes combinações de influências genéticas e ambientais. O termo “espectro” reflete a ampla variação nos desafios e pontos fortes possuídos por cada pessoa com autismo.

Alguns atrasos no desenvolvimento associados ao autismo podem ser identificados e abordados bem cedo, suas características são identificadas geralmente, antes da criança completar três anos e em alguns casos, ele pode ser diagnosticado por volta dos 18 meses.

Recomenda-se que os pais que busquem uma avaliação sem demora, uma vez que a intervenção precoce pode auxiliar em uma melhor intervenção.

Os sintomas do TEA estão presentes desde o início da infância e podem acarretar prejuízos persistentes ao longo da vida. O momento exato em que o prejuízo funcional fica evidente dependerá das características de cada indivíduo e seu ambiente (ORRÚ, 2007)

Quais as intervenções?

As intervenções são feitas por uma equipe multidisciplinar. Dentre os profissionais que podem ser necessários, podemos citar: neuropediatra, neuropsiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e/ ou educador físico e psicopedagogos.

Não existe tratamento padrão que possa ser utilizado, cada indivíduo exige acompanhamento individual, de acordo com suas necessidades.

Importância do diagnóstico precoce

A maioria dos casos ainda são detectados tardiamente. Porém, é crescente o número de estudos voltados à importância da detecção precoce ainda na primeira infância. Neste período inicial da vida, há alguns comportamentos que fogem ao chamado “desenvolvimento típico”, e já podem servir de alerta a familiares e profissionais da saúde.

Principais exemplos de sinais que podem ser rastreados precocemente, e servir de alerta:


  •  Dificuldade em sustentar contato visual enquanto é alimentado;
  • Ausência de resposta clara ao ser chamado pelo nome (importante descartar hipótese de perda auditiva);
  •  Atraso no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal (não apontar, não responder a sorrisos, demorar para balbuciar e falar, ou regressão de linguagem);
  • Desconforto com afagos e ao ser pego no colo;
  • Aversão ou fixação a algumas texturas, incômodos com determinados sons e barulhos, comportamentos repetitivos e estereotipados (enfileirar brinquedos, rodopiar em torno de si mesmo, balançar o corpo).


Quanto mais cedo a família e a escola forem orientadas sobre o quadro da criança, melhor será sua inserção social e aquisição de autonomia. A intervenção precoce (que pode ocorrer mesmo antes do diagnóstico conclusivo) visa estimular as potencialidades e auxiliar no desenvolvimento de formas adaptativas de comunicação e interação.

Possíveis sinais de autismo em bebês e crianças:


  •  Por volta dos 6 meses de idade, nenhum sorriso social ou outras expressões quentes, alegres dirigidas às pessoas
  •  Até 6 meses, contato visual limitado ou inexistente
  • Por volta dos 9 meses, nenhuma partilha de sons vocais, sorrisos ou outra comunicação não-verbal
  • Com 12 meses, nenhum balbucio
  • Por volta dos 12 meses, nenhum uso de gestos para se comunicar (por exemplo, apontar, alcançar, acenar etc.)
  • Com 12 meses, nenhuma resposta ao nome quando chamado
  • Por volta dos 16 meses, sem palavras
  • Em 24 meses, não há expressões significativas de duas palavras
  • Qualquer perda de qualquer discurso adquirido anteriormente, balbuciar ou habilidades sociais
Inclusão Social

Com o diagnóstico conclusivo é possível exigir o cumprimento de direitos na inclusão escolar. Por lei, a criança com Transtorno do Espectro Autista tem direito a um mediador em sala de aula, por exemplo.
É importante frisar que ainda temos muito a avançar na prática da inclusão e no acesso a tratamentos especializados.


Falaremos sobre esse assunto na nossa próxima matéria.

Referencias Bibliográficas

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA) (2014). Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5th ed. Arlington: American Psychiatric Association, 2014.
ORRÚ, S. E, Autismo, linguagem e educação; Interação social no cotidiano escolar/ Rio de Janeiro: Wak Ed., 2007.

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