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Desenvolvimento Cognitivo


Falar sobre desenvolvimento cognitivo implica antes de tudo, falar sobre cognição. A definição de cognição até hoje não é tão clara quanto deveria, afinal, “qualquer coisa” que esteja relacionada ao cérebro é chamado de cognição.  No entanto, é importante dar nome antes de falarmos deles.

Uma definição breve e objetiva do termo é:
“Cognição refere-se a um conjunto de habilidades cerebrais/mentais necessárias para a obtenção de conhecimento sobre o mundo. Tais habilidades envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória, atenção, criatividade, capacidade de resolução de problemas, entre outras funções.”

O conceito de cognição, portanto, nos remete aos processos cognitivos que são desenvolvidos desde a mais tenra infância até os findos anos do envelhecimento. Importante notar que o desenvolvimento está diretamente relacionado à aprendizagem, ou seja, um não ocorre sem o outro. Este processo acontece em espiral crescente nos dando a noção de avanços no desenvolvimento em contínuo crescimento:

 [DESENVOLVIMENTO –> ADAPTAÇÃO –> APRENDIZAGEM]
Agora sim, podemos falar de desenvolvimento cognitivo que pode ser entendido como:

“Um processo pelo qual os indivíduos adquirem conhecimento sobre o mundo ao longo da vida”.

Entrando em terrenos mais remotos, Jean Piaget foi um dos primeiros estudiosos preocupado em estudar as fases do desenvolvimento cognitivo infantil. Seu interesse estava voltado para a investigação de quais habilidades estavam vinculadas em cada estágio do desenvolvimento. Para determinar essas fases, seus estudos duraram décadas e seus sujeitos de pesquisa foram seus próprios filhos.
Na infância, uma quantidade maior de sinapses é feita em nosso cérebro a partir dos estímulos sensoriais que recebemos. Mas o que são “sinapses” e o que elas têm a ver com o desenvolvimento cognitivo?
Bem, sinapses são as conexões que favorecem a comunicação entre os neurônios. Quanto mais sinapses, maior a capacidade cognitiva. Para a criança, qualquer estímulo sensorial — toque, fala, audição, paladar, visão etc. — leva à comunicação entre os neurônios, facilitando o aprendizado.
A infância é, portanto, o terreno mais fértil para as descobertas e para a aprendizagem. Para um bebê recém-nascido, por exemplo, carinho, colo e até a própria voz dos pais são estímulos suficientes para que as sinapses disparem e o mundo comece a ser compreendido, tornando-se cada vez mais familiar.

As fases do desenvolvimento cognitivo infantil (segundo Piaget)

 

  • inteligência sensório-motora: de 0 a 2 anos;
  • pré-operatória: de 2 a 7 anos;
  • operatório concreto: de 7 a 12 anos;
  • operatório formal: a partir dos 12 anos.

Cada estágio estaria relacionado a certas necessidades e potencialidades, e, portanto, demandaria estímulos específicos. É importante notar que, para Piaget, era preciso que um aspecto cognitivo estivesse completamente desenvolvido para que a criança passasse à próxima fase. Sua teoria, portanto, pressupõe uma espécie de escalada evolutiva fixa e irreversível.

Hoje, contudo, sua visão da infância é questionada por novas abordagens. Algumas teorias contemporâneas defendem que o cérebro humano é mais plástico do que se pensava na época de Piaget e que o desenvolvimento não ocorre de forma linear — se a função A não for desenvolvida, a função B também não o será —, mas que os processos cerebrais são adaptáveis e acontecem de forma mais orgânica.

Isso nos leva a entender que a criança necessita de todo tipo de estímulos para se desenvolver e posicionar-se no mundo. A natureza e a complexidade desses estímulos, contudo, mudarão à medida que ela for amadurecendo.


Fonte de pesquisa:
http://cienciadocerebro.wordpress.com
http://novosalunos.com.br

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