Por Ana Lúcia Hennemann
Um
dos pré-requisitos essenciais para o processo da alfabetização é a consciência
fonológica, no entanto, você saberia dizer exatamente qual o significado dela?
Essa consciência se desenvolve sozinha ou há alguma maneira de estimulá-la?
Desde os primeiros meses de vida os bebês vão
ativando seus mecanismos atencionais voltados aos sons da fala produzidos por
aqueles que estão a sua volta, no entanto, ele não tem a capacidade de fazer
reflexões sobre as palavras ouvidas, portanto tudo isso são processos não
conscientes, ou seja, um bebê não apresenta capacidade para entender que bola
rima com cola, que as letras iniciais destas palavras se diferem, habilidades
estas que uma criança antes de entrar no ensino fundamental vai sendo
construído, pois no momento em que a criança começa a tomar consciência dos
diferentes “arranjos” estruturais que compõem uma palavra, pode-se dizer
que ela adquiriu a consciência fonológica (ADAMS, 2006).
A consciência fonológica é a
habilidade de reconhecer e manipular os sons que compõem a fala, ou seja,
entender que a palavra falada se constitui de partes que podem ser segmentadas
e manipuladas (LAMPRECHT, 2009). Ao ouvir as palavras “bola” e “cola”, o
indivíduo poderá perceber (através da consciência fonológica) que as duas
palavras rimam, que ambas são compostas de 2 sílabas, 4 fonemas (sons) cuja
diferença entre elas reside no fonema inicial. Portanto, essa consciência
é de extrema importância para a leitura e escrita das palavras, principalmente
no processo de alfabetização. Ler e escrever requer a habilidade de
transcodificar os sons da fala, pois o princípio alfabético é composto de
relações entre fonema (som) e grafema (letra) que a criança, ao interagir com
estas, deve ir aprendendo a analisá-las, diferenciá-las, aproximá-las, até
chegar a compreensão que os sons associados às letras são os mesmos utilizados
na fala (ADAMS, 2006).
Através destes entendimentos é fácil
concluir que a aprendizagem da leitura e escrita não são atividades que se
resumem apenas na memorização visual das palavras, mas sim, um processo que
requer conhecimento das estruturas dos sons da fala (SEABRA, 2013). Por
exemplo, uma criança ao interagir com a palavra: “SAPATO”, vai descobrindo que
esta pode ser fragmentada em sílabas, que inicialmente podem ser identificados
como “pedaços”: ‘SA’, ‘PA’, ‘TO’, ou fragmentada em letras s, a, p, a, t, o, em
fonemas: /s/,/a/,/p/,/a/ /t/, /o/, que há outras palavras dentro desta palavra:
SAPA, PATO, palavras estas que inicialmente são mais fáceis de serem
identificadas, porém no momento em que a criança tiver a consciência de
manipular os grafemas e fonemas, poderá formar outras palavras: SOPA, TAPA,
PATA, TOPA, PASTO, PASTA, POSTA... Através do exemplo, pode-se perceber que a consciência fonológica é muito mais abrangente
que a relação letra/som, ela engloba diferentes modalidades linguísticas, tais
como consciência de sílaba, fonema, rima, aliteração. [1]
Crianças que têm a consciência
fonológica bem desenvolvida podem ter maior facilidade na aprendizagem da
leitura e escrita, sendo que essa consciência pode ser trabalhada através de
brincadeiras e jogos compatíveis com a idade e o desenvolvimento neurobiológico
da criança. Sendo assim, a estimulação precoce da consciência fonológica,
proporcionada por familiares e professores (principalmente da Educação
Infantil) podem fazer o diferencial em futuras aquisições da leitura e escrita
das crianças.
Por exemplo:
na aliteração, o uso de trava-línguas:
- O rato roeu a roupa
do rei de Roma e a rainha de raiva roeu
o resto.
Rimas: declamação de versos ou livros tais como: “Você troca” de Eva Furnari
Fonemas:
- Jogo soletrando- soletrar as palavras
correspondentes as imagens...
- Ou brincar de: O que começa com o mesmo som de:.....
_________________________________________________________________________________
[1] Aliteração são palavras que
possuem o mesmo ONSET (ONSET – elemento que vem antes do núcleo (vogal) da
sílaba).
Referência Bibliográfica:
ADAMS, Marilyn.[et al] Consciência
fonológica em crianças pequenas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
CAPELLINI, Simone. GERMANO, Gisele. PROHFON –
Protocolo de Avaliação das Habilidades Metafonológicas. São Paulo: Book Toy,
2016.
LAMPRECHT, Regina; BLANCO-DUTRA, Ana Paula
(Orgs.). Consciência dos sons da língua: subsídios teóricos e
práticos para alfabetizadores, fonoaudiólogos e professores de língua inglesa.
Porto Alegre: EdiPUCRS, 2009.
SEABRA, Alessandra. DIAS, Natalia. Avaliação
Neuropsicológica Cognitiva. Vol 2. São Paulo: Memnon, 2013.
------------------------------------------------------------------------------------------------
HENNEMANN, Ana L. Consciência Fonológica – O que é? Como desenvolvê-la? Novo Hamburgo, 05 de
julho/ 2017. Disponível online em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/07/consciencia-fonologica-o-que-e-como.html |
Comentários
Postar um comentário